O Poder do Mantra Cristão & Laços do Passado - (Campos de Raphael).
Costumo dizer que, apesar das dificuldades iniciais no Rio de Janeiro, aonde cheguei aos 13 anos de idade para trabalhar ao lado de meu pai e um irmão da parte de mãe, foi ali que aconteceu as mais significativas coisas de nossas vidas: reencontro com a parceira espiritual na Enseada de Botafogo, experienciar uma série de vivências profundas e reconectarmos com o Caminho espiritual de 700 anos atrás nos santuários do Sul da França -, tudo constelado pelo 'Self' imortal - a Divindade interior. Mas tivemos de atravessar antes provações difíceis, para amadurecimento interior, simbolizadas de várias maneiras nos ritos iniciáticos das escolas espirituais do passado...
O relato da vivência de Jean Shinoda Bolen, em 'Seja
Feita a Vossa Vontade', fez-me recordar uma experiência dramática, quando recém-casados, minha esposa grávida de poucos meses, começou a sentir-se muito mal e a desmaiar; um médico amigo me instruíu para sua internação imediata na emergência do Pronto Socorro Municipal. Na ambulância, ela me confidenciou com voz enfraquecida: "Desde que engravidei tive o pressentimento de que morreria, mas nada lhe disse, pois sabia quanto queria um filho... Vou me despedir de você aqui na ambulância, pois sei que não nos veremos mais"...
Apesar do coração angustiado, senti uma força dentro de mim e lhe disse com voz firme: "Tire isso da cabeça, porque não vai acontecer!" No hospital, porém viram a gravidade de seu caso e levaram-na de imediato para a sala de operações. Quando o médico operador desceu, ele me disse em tom acusativo: "Se tivesse demorado mais dez minutos, ela estaria morta!". E apenas balbuciei: "Mas nem sei do que se trata!" E ele: "O caso dela, é prenhez tubárea; quando a abrimos, já começara a coagulação do sangue! Vai pra casa e se prepare. Não podemos garantir nada!" - E nada mais quis dizer, mas ele achava que ela não sobreviveria...
Nessas horas cruciais, perde-se a noção de tempo; eu não conseguia dormir e tudo começou a desenrolar na minha cabeça, como num filme: a série de coincidências, desde o primeiro encontro com aquela jovem mulher loura, na véspera de minha viagem à Vitória no Espírito Santo. Lá residia uma irmã mais velha, filha do primeiro casamento de minha mãe, que me convidara a passar ali parte das minhas férias de trabalho. E antes de retornar ao Rio, ela insistiu em me levar à casa de sua amiga que colocava o Tarô, para saber com quem eu iria casar.
Eu nada entendia de Cartas do Tarô, e muito menos que o Tarô, assim como o I Ching, podem servir de instrumento aos 'agentes espirituais' do Destino -, que agora os chamo de 'Anjos da Sincronicidade'. As Cartas descreveram a loura de olhos azuis, que mal conhecera no Rio de Janeiro, como sendo àquela com quem me casaria, e anteciparam certa série de acontecimentos: seríamos separados por uma longa viagem, haveria uma assídua correspondência entre nós, e na sua volta então nos casaríamos...
Na minha "insensatez juvenil" dos 23 anos de idade, achei que a previsão estava totalmente errada, e disse isso sinceramente àquela jovem pitonisa de Apolo. Falei que apreciava as louras, mas pretendia casar com morena, nem era dado a namôro por correspondência. A pitonisa (não tinha mais do que 30 anos), sorriu, e enfatizou que ela apenas me repassava o que o oráculo prenunciava através das Cartas. Voltou a lêr o Tarô, olhou-me com olhar profundo, e disse: "As Cartas dizem que serão muito felizes, mas por pouco tempo, pois logo em seguida ela morrerá"... Isso, porém não me abalou porque eu não acreditei em nada.
As Cartas descreveram a seguir uma etapa intermediária em que eu daria continuidade aos estudos e à formação na universidade; numa terceira etapa, já realizado na profissão, acumularia bens materiais, e então me casaria com uma rica morena... Jamais pretendera casar com mulher rica; na verdade, eu corria atrás de realização financeira, porque passáramos fome e grandes dificuldades durante à infância no interior de Minas Gerais, e sendo o primogênito de meu pai precisei trabalhar desde os dez anos de idade para ajudá-lo a sustentar nossa familia...
Agora, aos 25 anos de idade, via tudo acontecer "tintim por tintim" como previsto nas Cartas do Tarô. Quando a pedira em casamento, ela estava em Los Angeles (os anjos já estavam atuando na minha vida e eu não sabia). E ainda o pior: o vaticínio que não acreditara parecia prestes a cumprir-se... E pela primeira vez, eu tive uma conversa interior com Deus; que Ele sabia quanto ela me ajudara ver a relatividade dos bens materiais e a valorizar mais os bens espirituais; que eu buscara uma companheira para a vida toda e não queria perdê-la...
E, como resposta, projetou-se na minha frente, claramente, dois caminhos. Era como se um projetor de cinema fluisse do meu coração e, ao mesmo tempo, soube que estava numa encruzilhada da minha vida. Não ouvi vozes, mas 'sabia' que o da "direita" era a via de bens materiais que antes escolhera e as Cartas do Tarô, descrevera. E à minha "esquerda", o Caminho espiritual...
Para criar a possibilidade de sobrevivência de minha companheira, precisaria renunciar ao roteiro relacionado aos bens materiais e partir de mãos vazias para o Caminho espiritual. Neste, saberia por que fôramos colocados juntos nesta vida... Mas, naquele estado de profunda aflição e recolhimento, houve a primeira conexão ainda inconsciente com o Ser interior, o 'Self' imortal, embora então ainda não experienciara a presença de "Deus-em-nós"...
Foi minha primeira experiência profunda, direta, uma vivência incrível, porque sentia como se aqueles bens materiais já estavam palpavelmente nas mãos, como herança ou posse inalienável. Mas, não titubiei e na hora renunciei sinceramente a todos aqueles bens. E, talvez por reminiscência espiritual, pronunciei o mantra que neutraliza a vontade do ego, entregando o meu Destino ao 'Pai que está em secreto': "Senhor, seja feita a Tua Vontade e não a minha"...
Naquela noite minha companheira viu-se desligada do corpo físico, e diante dela um Caminho que se perdia no infinito -, (Jung, após sua própria experiência de quase-morte, denominou-o de Longuíssima Via) - uma Via que não tem princípio nem fim... E ali, nessa mesma noite ela começou a receber esclarecimentos de uma entidade espiritual elevada, que jamais se corporificou, seja no "lado de lá", seja do "lado de cá"... Ele materializou-lhe na substância astral uma imagem na forma de um maço de algodão, cheio de "nós", e disse que nossas almas estavam presas por laços do passado e deveríamos buscar juntos o Caminho espiritual, para criar a possibilidade de desfazer esses "nós" e liberar nossas almas...
E durante cinco dias, ele à instruía mesmo acordada; quando adormecia, ela ascendia àquela região mais elevada e era guiada por ele a lugares de ensinos nesse outro "lado de lá", entre os quais o 'Lugar das Cruzes', onde "cada um escolhe a sua cruz" antes descer na Terra... A cruz ali simboliza a 'Árvore da Vida', na qual devemos realizar a missão ou lições de vida escolhidas para expandir a consciência de nosso ser interior. Lembra-me às palavras: "Quem quiser vir após mim, tome sua cruz e siga-me!"
Ali, foi lhe dito que perdera os 30 anos de sua vida, ao esquecer a missão espiritual que escolhera antes de nascer aqui, e por isso sua existência deixara de ter sentido. Mas podia voltar para realizá-la e foi o que ela escolheu fazer. E no quinto dia, véspera de sua alta do hospital, esse Ser de elevada estatura espiritual despediu-se, dizendo que a tarefa dele ao seu lado se completara e ele tinha trabalho noutros lugares. Ela ouvia a voz dele em seu coração, e quando quiz saber o seu nome, ele simplesmente disse: "Sou um sem nome, da Terra que não tem princípio e nem fim"... Já anoitecera e pela janela ela viu uma estrela enorme no céu que ía se afastando e a voz dele que se perdia na noite: "Adeus, adeus"...
Durante sua experiência de quase-morte, ele lhe enfatizara a necessidade de tornar-se vegetariana para livrar o sangue e a consciência do obscurecimento que a carne animal ocasiona, pois nela está entranhado todo o sofrimento e pavor daqueles animais sacrificados. Só assim poderia realizar sua própria missão espiritual. O fato me levou a optar também pela alimentação vegetarista; e saímos em busca do Caminho e após uma série de vivências nós o reconectamos em regressões espontâneas nos santuários cátaros e templarios no Sul da França...
A
mitologia grega nos conta que os deuses e deusas descem e sobem ao Olimpo
através do Arco-de-Íris; mais tarde, um Enviado tenta tocar a reminiscência dos
hebreus, dizendo-lhe “Não está escrito na
vossa lei: ’sois deuses?!” (João, 10.34). Coincidentemente um arco-íris desceu
diante de nossa janela em Nova Friburgo, quando minha parceira já estava no
leito de onde não se ergueria mais. O arco-íris era tão incomum, que o fotografei;
só mais tarde me dei conta pela data marcada na foto de que era 8 hs da manhã
de 16.06.2010. Exatamente 57 anos antes ela fôra hospitalizada em 16.06.1954, iniciando
a toda essa série de eventos marcantes que ora relato. Nessa ocasião, ao pensar
nessa misteriosa conexão, senti um forte arrepio ao conscientizar-me de que, verdadeiramente, não sabemos quem de fato somos...
Nesta existência, ela se tornou sacerdotisa da Escola Espiritual da Rosacruz Áurea, participou da Direção Brasileira e Trabalhos tempários nos Centros de Conferências Internacionais na Holanda, Suiça, Alemanha do Sul e do Norte. No Brasil ocupou-se do setor de cura do 'De Rozenhof'. E após ter cumprido toda a missão espiritual que escolhera vivenciar ao meu lado,sua alma deixou para trás o invólucro de rastejante lagarta humana, aos 87 anos, e retornar qual borboleta celeste aos céus iluminados da Morada dos Seres imortais...
Finalizo, repassando especialmente para você a recomendação do sábio chinês Lü Dsu, citada por Carl Jung em 'O Segredo da Flor de Ouro": "Quando as ocupações se nos propõem, devemos aceitá-las; quando as coisas acontecem em nossa vida, devemos compreendê-las até o fundo"... Mas, logo após a essa citação, Jung nos adverte:
"O caminho não é isento de perigo. Tudo o que é bom é difícil, e o desenvolvimento da personalidade é uma das tarefas mais árduas. Trata-se de dizer sim a si mesmo, de se tomar como a mais séria das tarefas, tornando-se consciente daquilo que se faz e especialmente não fechando os olhos à própria dubiedade [humana] tarefa que faz tremer.
O chinês pode invocar a autoridade de sua cultura... Mas o ocidental que quiser trilhar esse caminho tem tudo contra si: a autoridade intelectual, moral e religiosa vigentes... O passo que conduz a uma consciência mais alta deixa-nos sem qualquer segurança e a retaguarda desguarnecida. O indivíduo deve entregar-se ao Caminho com toda a sua energia, pois só mediante sua integridade poderá prosseguir e só ela será uma garantia de que tal caminho não se torne uma aventura absurda".
"Quer receba seu destino de fora ou de dentro, as vivências e os acontecimentos do Caminho são os mesmos. Por isso, nada preciso dizer acerca dos múltiplos acontecimentos externos ou internos, cuja variedade infinita não pode ser abarcada"... (Obra cit. p. 34/35. Vozes).
É esse Caminho difícil, mas profundamente gratificante para nossas almas, que "conduz a uma consciência mais alta", foi aquele que escolhemos, minha parceira e eu, procuramos trilhar ao longo de nossa vida, desde aquelas primeiras experiências espirituais... E se ainda permaneço aqui, divulgando tudo o que possa incentivar a outrem à buscar o significado e o propósito maior por trás de suas próprias vidas, é sinal de que minha missão pessoal ainda não terminou... (Campos de Raphael).
Click e veja tb.: 'Seja Feita a Vossa
Vontade' - Jean Shinoda Bolen. M.D.
E para ampliar a consciência:
AUTOCONSCIENTIZAÇÃO: PROCESSOS DE CURA, SAÚDE & MEIO AMBIENTE
AUTOCONSCIENTIZAÇÃO: PROCESSOS DE CURA, SAÚDE & MEIO AMBIENTE
Veja tb. Dicas de Saúde no Filme Documentário:
Que o Senhor da Vida e seus Anjos:
"Sejam lâmpadas para os pés à iluminar o teu Caminho!"
"A Divindade em mim, saúda a Divindade em você!"
Luz, Amor e Paz! (Campos de Raphael).
[Editado e repassado em 21 de Julho de 2015 - Rio das Ostras/Rio de Janeiro - ].