“O I Ching a todo instante insiste no autoconhecimento. O método pelo qual isso deve ser alcançado está aberto a todo tipo de aplicações errôneas e por isso não convém aos frívolos e imaturos nem aos intelectualistas e racionalistas. Só é apropriado àqueles afeitos ao pensar, à reflexão e aos quais apraz meditar sobre o que fazem e sobre o que lhes acontece”... (Carl Jung). [‘Prefácio ao I Ching’ ].
Guardião do Dia. 'CALIEL': "Deus pronto a ouvir". Protege os nascidos em 30/08, 11/11, 23/01, 06/04 e 18/06. Quem nasce sob esta influência é inteligente, irreverente, carismático. Tem extraordinária intuição para descobrir a verdade; basta-lhe um olhar para identificar a verdadeira intenção. É verdadeiro "mago", que consegue realizar milagres graças a sua fé inabalável. Saiba mais. (Clic): 'Caliel' - 18º Anjo. Categoria 'Tronos'.
'TRONOS': Categoria angelical que inspira os homens à arte e à beleza. São representados nas pinturas como anjos bonitos e jovens, que trazem consigo uma harpa, cítara, flauta ou algum tipo de instrumento musical. Apreciam oráculos e de consultá-los. Tsaphkiel é o seu Príncipe-Arcanjo, associado à Terra, tem como simbologia expressar as forças criativas em ação, auxiliando-nos a vislumbrar o porvir. Sua facilidade em projeção astral, permite que elimine via sonhos, fatos ou acontecimentos ruins que lhes poderiam suceder. Apreciam a música e ficar em silêncio. Dóceis e ternas, procuram ouvir a voz do coração ao invés da mente, seu lado racional...
"Ninguém nasce para sofrer; nasce para aprender".
(Campos de Raphael)
(Campos de Raphael)
Vídeo em destaque. (Clic) :
Evolução Espontânea & Verdades da Vida na Ciência.
Evolução Espontânea & Verdades da Vida na Ciência.
“Se o significado do Livro das
Mutações fosse de fácil apreensão, a obra não precisaria de um prefácio. Mas
sem dúvida esse não é o caso, já que há tantos pontos enigmáticos em seu
conteúdo que os estudiosos ocidentais tenderam a considerá-lo como o conjunto
de "fórmulas mágicas" que seriam abstrusas demais para serem
inteligíveis, ou careceriam de todo valor”..
Wilhelm, entretanto, fez o esforço possível para
abrir caminho à compreensão do simbolismo do texto. Ele tinha condições de
fazê-lo, pois a filosofia e o uso do I Ching foram-lhe ensinados pelo venerável
sábio Lao-Nai-Hsüan. Além disso, durante um período de vários anos havia posto
em prática a peculiar técnica do oráculo. A apreensão do sentido vivo do texto
dá à sua versão uma profundidade de perspectiva que um conhecimento
exclusivamente acadêmico da filosofia chinesa nunca poderia proporcionar.
Tenho uma enorme dívida para com Wilhelm pelo
esclarecimento que trouxe à complicada problemática do I Ching e pelas
intuições relativas à sua aplicação prática. Por mais de 30 anos, interessei-me
por essa técnica oracular -, um método de explorar o inconsciente, que me pareceu
de excepcional significado. Já estava familiarizado com o I Ching quando conheci
Wilhelm no começo da década de 20; ele confirmou o que eu já sabia, além de
ensinar-me muito mais...
É curioso que um povo tão dotado e inteligente como o chinês nunca tenha desenvolvido
o que chamamos ciência. Nossa ciência, entretanto, é baseada no princípio da
causalidade, o qual é considerado uma verdade axiomática. Mas uma grande
mudança está ocorrendo em nosso ponto de vista. O que a "Crítica da Razão Pura" de Kant não conseguiu, está sendo
realizado pela física moderna.
Os axiomas da causalidade estão sendo abalados em
seus fundamentos: sabemos agora que o que denominamos leis naturais são
meramente verdades estatísticas que supõem, necessariamente, exceções...
Se deixarmos a natureza agir, veremos um quadro
muito diferente: o Acaso vai interferir total ou parcialmente em todo o processo,
tanto assim que, em circunstâncias naturais, uma sequencia de fatos que esteja
em absoluta concordância com leis específicas constitui quase uma exceção.
A mente chinesa, como a vejo trabalhando no I Ching, parece preocupar-se
exclusivamente com o aspecto casual dos acontecimentos. O que chamamos de
coincidência parece ser o interesse primordial desta mente peculiar e o que
cultuamos como causalidade passa quase desapercebido... Devemos admitir que há
muito a dizer a respeito da imensa importância do acaso. Uma quantidade
incalculável do esforço do homem visa a combater e limitar os incômodos ou
perigos representados pelo acaso. Considerações teóricas de causa e efeito
frequentemente parecem fracas e pobres em comparação com os resultados práticos
do Acaso...
É correto dizer que o cristal de quartzo é um
prisma hexagonal. A afirmação é verdadeira quando se considera um cristal
ideal; entretanto, na natureza não se encontram dois cristais exatamente
iguais, ainda que todos sejam inequívocos hexagonais. A forma concreta,
no entanto, parece interessar mais ao sábio chinês que a forma ideal. O
emaranhado de leis naturais que constitui a realidade empírica é mais
significativo para ele que uma explicação causal
de fatos que, além disso, em geral devem ser separados uns dos outros para que
possam ser adequadamente tratados.
Enquanto a mente ocidental cuidadosamente examina, pesa, seleciona, classifica
e isola, a visão chinesa do momento inclui tudo até o menor e mais absurdo
detalhe, pois tudo compõe o momento observado.
Assim ocorre quando são jogadas as três moedas, ou quando se contam as 49
varetas; esses detalhes casuais entram no quadro do momento de observação e
fazem parte dele - uma parte que para nós é insignificante, porém para a mente
chinesa é de suma importância...
Existem astrólogos que podem dizer a uma pessoa,
sem nenhum conhecimento prévio, a data de seu nascimento, qual era a posição do
sol e da lua, e qual o signo que se encontrava sobre o horizonte no momento de
seu nascimento. Diante de tais fatos é preciso admitir que os momentos podem
deixar marcas duradouras.
Em outras palavras, quem quer que tenha inventado o I Ching estava convencido
de que o hexagrama obtido num determinado momento coincidia com esse momento,
tanto em qualidade quanto em tempo. Para ele o hexagrama era o intérprete do
momento no qual era tirado... o indicador da situação essencial que prevalecia
no momento de sua origem...
Essa suposição envolve um certo princípio curioso que denominei Sincronicidade, que formula um ponto de
vista diametralmente oposto ao da causalidade. A causalidade... é uma espécie
de hipótese de trabalho sobre como os acontecimentos surgem uns a partir dos
outros, enquanto que, para a Sincronicidade, a coincidência dos acontecimentos,
no espaço e no tempo, significa algo mais que mero acaso, precisamente uma
peculiar interdependência de eventos objetivos entre si, assim como dos estados
subjetivos (psíquicos) do observador ou observadores.
O pensamento tradicional chinês apreende o cosmos de maneira semelhante ao do
físico moderno, que não pode negar que seu modelo do mundo é uma estrutura
decididamente psicofísica. O fato microfísico inclui o observador, tanto quanto
a realidade subjacente ao I Ching abrange a subjetividade, isto é, as condições
psíquicas dentro da totalidade da situação momentânea. Assim como a causalidade
descreve a sequencia dos acontecimentos, a Sincronicidade, para a mente
chinesa, lida com a coincidência de eventos...
Os 64 hexagramas do I Ching são o instrumento pelo qual se pode determinar o
significado de 64 situações diferentes, porém típicas. Essas interpretações são
equivalentes a explicações causais. A conexão causal é estatisticamente
necessária e pode, portanto, ser submetida à experiência. Uma vez que as
situações são únicas e não podem ser repetidas, não parece ser possível, em
condições normais, realizar experiências com a Sincronicidade. No I Ching, o
único critério de validade da Sincronicidade é a opinião do observador de que o
texto do hexagrama equivale a uma interpretação fiel de sua condição psíquica.
Supõe-se que a queda das moedas ou o resultado da
divisão do conjunto de varetas de caule de milefólio é o que necessariamente
deve ser uma "situação" dada, já que qualquer coisa que aconteça
naquele momento pertence a ele como parte indispensável do quadro. Se um
punhado de fósforos é jogado no chão, eles formam o padrão característico
daquele momento.
Uma verdade tão óbvia como essa, porém só revela
seu caráter significativo se for possível ler o padrão e verificar sua
interpretação, parte pelo conhecimento do observador da situação objetiva e da
subjetiva e parte pelo caráter dos fatos subsequentes...
Meu argumento acima exposto, jamais, é claro, ocorreu à mente chinesa. Ao
contrário, de acordo com a antiga tradição, são "agentes espirituais", atuando de maneira misteriosa, que
fazem com que as varetas de caule de milefólio dêem uma resposta significativa.
Esses poderes constituem como que a alma viva do livro, que é, portanto, uma
espécie de ser vivo, e a tradição supõe que se podem fazer perguntas ao I Ching
e esperar receber respostas inteligentes.
Ocorreu-me que talvez interesse ao leitor não
iniciado ver o I Ching operando. Com esse propósito realizei uma experiência
rigorosamente de acordo com a concepção chinesa: personifiquei, de certo modo,
o livro, perguntando seu julgamento sobre sua situação atual, isto é, sobre
minha intenção de apresentá-lo à mente ocidental.
Ainda que o procedimento se enquadre perfeitamente
nas premissas da filosofia Taoista, para nós ele parece demasiado extravagante.
Entretanto, nem mesmo o insólito dos delírios doentios ou superstições
primitivas jamais me chocaram. Sempre tentei permanecer livre de preconceitos e
curioso...
Por que não ousar um diálogo com um antigo livro
que se propõe como algo vivo? Não pode haver mal nenhum nisso, e o leitor
poderá observar um procedimento psicológico que tem sido posto em prática vezes
e mais vezes através dos milênios da civilização chinesa, representando para
homens como Confúcio ou Lao-Tse tanto a expressão suprema da autoridade
espiritual quanto um enigma filosófico...
Utilizei o método de moedas e a resposta obtida foi
o hexagrama 50 - Ting, O CALDEIRÃO. De
acordo com a maneira como foi formulada minha pergunta, deve-se entender o
texto do hexagrama como se o próprio I Ching fosse a pessoa que fala. Assim,
ele descreve a si próprio como um caldeirão, isto é, como recipiente de ritual
contendo comida preparada - [o que lembra o caldeirão druida de Asterix e Obelix].
Deve-se entender comida, aqui, como alimento espiritual.
Wilhelm diz a respeito: "O Ting, enquanto utensílio pertencente a uma civilização refinada sugere o cuidado e a alimentação dos homens capazes, o que resulta em benefício da nação... Aqui a cultura atinge sua culminância na religião. O Ting serve para a oferenda de sacrifícios a Deus. Os mais elevados valores terrenos devem ser oferecidos em sacrifício a Deus... A suprema revelação de Deus encontra-se nos profetas e nos santos. Venerá-los é, na verdade, venerar a Deus. Os desígnios de Deus, manifestados através deles, devem ser aceitos com humildade"...
Wilhelm diz a respeito: "O Ting, enquanto utensílio pertencente a uma civilização refinada sugere o cuidado e a alimentação dos homens capazes, o que resulta em benefício da nação... Aqui a cultura atinge sua culminância na religião. O Ting serve para a oferenda de sacrifícios a Deus. Os mais elevados valores terrenos devem ser oferecidos em sacrifício a Deus... A suprema revelação de Deus encontra-se nos profetas e nos santos. Venerá-los é, na verdade, venerar a Deus. Os desígnios de Deus, manifestados através deles, devem ser aceitos com humildade"...
Quando alguma das linhas de um hexagrama dado tem o valor de seis ou nove,
significa que são especialmente enfatizadas e por isso importantes na
interpretação. Em meu hexagrama os "agentes
espirituais" enfatizaram com um nove as linhas na segunda e terceira
posições. Diz o texto: “Nove na segunda posição significa:/ Há
alimento no Ting./ Meus companheiros têm inveja,/ mas nada podem contra mim./ Boa
fortuna”.
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A alça (em alemão Griff) é a parte pela qual o Ting pode
ser segurado (gegriffen). Portanto,
significa o conceito (Begriff)
que se tem do I Ching (o Ting). No decorrer do tempo, esse conceito
aparentemente mudou, de modo que hoje já não podemos apreender (begreifen) o I Ching. Assim, "ele é impedido em suas atitudes".
Já não somos mais amparados pelo sábio conselho e pela profunda visão intuitiva
do oráculo; por isso, não mais encontramos nosso caminho através das
complexidades do destino e da escuridão de nossa própria natureza...
Quem responde tem uma noção
interessante sobre si mesmo: se vê como um recipiente no qual as oferendas ao
sacrifício são trazidas aos deuses, a comida do ritual destinada à sua
alimentação. Concebe a si próprio como um utensílio de culto destinado a prover
o alimento espiritual para os elementos ou forças inconscientes ("agentes espirituais") que
foram projetados como deuses - em outras palavras, para dar a essas forças a
atenção que elas necessitam para desempenhar seu papel na vida do indivíduo. Na
realidade, é o significado original da palavra "religio" - uma cuidadosa observação e consideração (de ''relegere") do numinoso.
O método do I Ching leva
realmente em consideração a oculta qualidade individual existente nas coisas e
nos homens e também no nosso próprio inconsciente. Interroguei o I Ching como
fazemos com alguém a quem estamos prestes a apresentar a nossos amigos:
perguntamos se isso seria ou não agradável a ele. O I Ching, como resposta,
fala de seu significado religioso, do fato de ser desconhecido e mal
interpretado na atualidade e sua esperança de voltar a ocupar um lugar de honra
- essa última parte obviamente como uma direta menção ao meu prefácio ainda não
redigido e, sobretudo, à tradução para o inglês. Essa parece ser uma reação
perfeitamente compreensível, tal como se poderia esperar de uma pessoa numa
situação similar.
Mas como surgiu essa reação?
Porque eu joguei três pequenas moedas
ao ar e as deixei cair, rodar e parar em cara ou coroa, conforme o acaso. Esse
curioso fato de que uma reação que faz sentido surja de uma técnica que,
aparentemente, exclui, de início, todo e qualquer sentido, é a grande conquista
do I Ching. O exemplo que acabo de dar não é único, respostas significativas
são a regra...
Concordo com o pensamento
ocidental que seriam possíveis inúmeras respostas à minha pergunta e certamente
não posso afirmar que outra resposta não terá sido igualmente significativa.
Entretanto, a resposta obtida foi a primeira e única; nada sabemos sobre outras
possíveis respostas. Esta me agradou e satisfez. Fazer a mesma pergunta uma
segunda vez teria sido falta de tato, por isso não a fiz: "o mestre só fala uma vez"...
O opressivo enfoque pedagógico
que pretende enquadrar os fenômenos irracionais dentro de um padrão racional
preconcebido é anátema para mim. Na realidade, coisas assim como essa resposta
devem permanecer tal como eram em sua primeira aparição, pois só então sabemos
o que faz a natureza quando deixada em si mesma sem ser perturbada pela
intromissão do homem. Não se deve
recorrer a cadáveres para estudar a vida...
Voltemos ao hexagrama. Não há nada estranho no fato de que todo o Ting, O CALDEIRÃO, amplie os temas propostos pelas duas linhas ressaltadas. A primeira linha do hexagrama diz: Um Ting com os pés para o alto, emborcado./ É favorável remover o conteúdo estagnado./ Uma concubina é aceita em virtude de seu filho./ Nenhuma culpa”.
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Um caldeirão que se encontra de
cabeça para baixo está fora de uso. Logo, o I Ching é como um caldeirão que não
está sendo usado. Virá-lo ao contrário serve para eliminar o conteúdo
estagnado, como diz a linha. Assim como um
homem toma uma concubina quando sua esposa não tem filho, recorre-se ao I
Ching quando não se encontra outra saída.
Apesar do status quase legal da
concubina na China, na realidade ele não é mais que um recurso de certa forma
secundário; assim também o processo mágico do oráculo é um recurso que pode ser
usado com um objetivo mais elevado. Não há culpa, embora se trate de recurso
excepcional...
Demonstrei nesse exemplo de forma
tão objetiva quanto me foi possível como o oráculo atua num caso dado.
Evidentemente, o processo varia um pouco segundo a forma como a pergunta é
formulada. Se, por exemplo, uma pessoa encontra-se numa situação confusa, ela
própria pode aparecer no oráculo como aquela que fala, ou se a pergunta diz
respeito a um relacionamento com outra pessoa, essa pessoa pode aparecer como
aquela que fala. Entretanto, a identidade de quem fala não depende inteiramente
da maneira pela qual a pergunta foi formulada, da mesma forma que nossas
relações com semelhantes nem sempre são determinadas por estes últimos.
Frequentemente nossas relações
dependem quase que exclusivamente de nossas próprias atitudes, mesmo que não
estejamos conscientes desse fato. Assim sendo, se um indivíduo não tem
consciência do seu papel num relacionamento, poderá haver uma surpresa à sua
espera, ao contrário das expectativas, ele próprio pode aparecer como o agente
principal, como às vezes é indicado, de forma inequívoca, pelo texto. Pode
ocorrer que tomemos uma situação demasiadamente a sério e a consideremos
de extrema importância, enquanto que a resposta que obtemos ao consultar o I
Ching chama a atenção para outro aspecto inesperado, implícito na pergunta.
Tais ocorrências podem, ao início,
levar-nos a pensar que o oráculo é ardiloso. Diz-se que Confúcio recebeu uma só
resposta imprópria, isto é, o hexagrama 22, Graciosidade - um hexagrama
totalmente estético. Isso lembra o conselho dado a Sócrates por seu ‘daimon’: "Você deveria fazer mais música" - e a partir de então
Sócrates começou a tocar flauta...
Confúcio e Sócrates concorrem ao
primeiro lugar no que se refere a uma perspectiva racional e uma atitude
pedagógica diante da vida; mas é pouco provável que um deles tenha se preocupado
em "embelezar a barba em seu queixo", como aconselha a segunda linha
do hexagrama. Infelizmente a razão e a pedagogia, frequentemente, carecem de
encanto e graça, e o oráculo talvez não se tenha enganado.
Segundo a concepção da
antiguidade, as linhas indicadas por um seis ou um nove possuem uma tensão
interna tão grande que se transformam em seus opostos, isto é, yang em yin e
vice-versa. Através dessa transformação, nós obtemos no presente caso o
hexagrama 35, Chin, PROGRESSO.
O tema desse hexagrama é relativo
a alguém que encontra toda sorte de vicissitudes do destino em sua ascensão, e
o texto descreve como ele deve se comportar. O I Ching está nessa mesma
situação: eleva-se como o sol e se dá a conhecer, mas é repudiado e não inspira
confiança - ele está "progredindo,
porém em tristeza". Entretanto, "obtém-se
grande felicidade da parte de seu ancestral".
Em sonhos e nos contos de fadas,
a avó, ou ancestral, frequentemente representa o inconsciente, pois esse
último, no homem, contém o componente feminino da psique. Se o I Ching não é
aceito pelo consciente, pelo menos o inconsciente o aceita e o I Ching está
mais ligado ao inconsciente que à atitude racional da consciência. Já que o
inconsciente é frequentemente representado em sonhos por uma figura feminina,
poderia ser essa, no caso, a explicação. A figura feminina pode ser
interpretada como a tradutora, que deu ao livro cuidados maternais, e o I Ching
poderá facilmente considerar isso como uma "grande
felicidade". O I Ching prevê a compreensão geral, mas teme ser mal
usado. Mas está atento à advertência,
"Não se deixe levar por ganho ou
perda". Ele permanece livre de "partidarismos" e não se
impõe a ninguém...
“O I Ching não se apresenta com
provas e resultados, não se vangloria de si, nem é de fácil abordagem. Como uma
parte da natureza, espera até ser descoberto. Não oferece fatos, nem poder,
porém para os amantes do autoconhecimento, da sabedoria - se estes existem -
parece ser o livro indicado. Para alguns seu espírito parecerá claro como o
dia; para outros, sombrio como o crepúsculo; e para outros ainda, obscuro como
a noite. Aquele que não o aprecia, não precisa usá-lo e aquele é contra, não é
obrigado a considerá-lo verdadeiro. Que o deixem seguir para o mundo em
benefício daqueles que sejam capazes de discernir o seu significado”. Zurique,
1949. C. G. Jung. [Trechos extraídos de ‘I
Ching – O Livro das Mutações’. Pensamento] - Jung – Prefácio ao I Ching.
Veja tb.: 'A PRESENÇA ANGÉLICA EM NOSSAS VIDAS' - Ver e Saber em vez de Crer.'Carl Jung & A Visão de um Brasileiro'.