Estrelinhas

terça-feira, 28 de julho de 2009

SINAIS DA PRESENÇA ANGÉLICA. Relatos. (Campos de Raphael).


“Uma vez que Sua essência é Amor, Deus aparece diante dos anjos como... um sol. E, desse sol, irradiam-se calor e luz; o calor sendo o amor e, a luz, a sabedoria. E os anjos são amor e sabedoria, não por si mesmos, mas por causa de Deus”. (Emanuel Swedenborg. ‘Angelic Wisdom’).


As palavras de Swedenborgh inspiraram Joan Wester Anderson a escrever "A Luz do Amor" na obra 'Por Onde Caminham os Anjos' - 'Histórias Reais de Visitantes Celestiais' -, em que ela faz relatos de sinais da presença angelical: “Uma vez que os anjos são criaturas de Deus, que é a luz do mundo, um fulgor ou mesmo um relâmpago de luz brilhante podem ser outros tantos sinais da presença deles".

Em ‘Something Beautiful for God’, Malcolm Muggeridge conta o fato ocorrido quando a BBC de Londres filmou um documentário sobre Madre Theresa de Calcutá. O roteiro incluía cenas internas na 'Casa Madre Theresa para Doentes Terminais', mas o local era fracamente iluminado, e o cinegrafista teve certeza de que não poderia filmar ali.

De qualquer modo, resolveu-se tentar, mas, para que o trabalho não fosse uma perda total, o fotógrafo rodou também cenas no pátio ensolarado. Ao revelar o filme, a parte rodada no interior da casa aparecia numa bela cor suave, enquanto à do pátio ensolarado ficara escura e indistinta. O filme, porém era da sensibilidade apropriada; e uma coisa como essa não poderia ter acontecido.

“Estou convencido de que a luz tecnicamente inexplicável foi, na verdade, sobrenatural”, escreveu Muggeridge. “A Casa Mãe Theresa para Doentes Terminais transborda de amor luminoso, tal como os halos que artistas viram e tornaram visíveis... Não acho surpreendente que tal luminosidade tenha aparecido em uma película fotográfica”. [Cf. 'Por Onde Caminham os Anjos', p.108. Ediouro. 1994].

- "Qual é a mais antiga menção de anjos na história?" - Os arqueologistas encontraram em Ur, cidade de mais de 4.00 anos, a gravura numa pedra que mostra um ser alado descendo do céu para verter a “água da vida” de um jarro transbordante na taça na mão de um rei. “Os historiadores sabem que cada família naquela cidade antiga tinha uma divindade pessoal que agia como seu porta-voz durante as deliberações dos deuses maiores no céu. De fato, cada casa mantinha uma capela pequena em honra de seus 'anjos' ou espíritos guardiães – que também podiam tomar a forma de um ser humano”... [Cf. ‘Você em um Anjo da Guarda’, p. 91. John Ronner. Editora Siciliano].

O Livro de Gênesis mostra fortes indícios de que a ciência hebraica sobre gênios e anjos, foi trazida de Ur por Abraão, ao emigrar da antiga Caldéia; o capítulo 18, diz: “O Senhor e dois anjos aparecem a Abrão”; e no cap. 19: "Ló recebe em sua casa dois anjos"; e enquanto Ló percebe e os reconhece como anjos, os habitantes de Sodoma viram apenas homens entrando à noitinha na casa dele. Mas, além de Abraão, esta ciência foi enriquecida também por Moisés, após a iniciação nos mistérios egípcios e sua iluminação no Monte Sinai.

Na verdade, a presença de anjos é mencionada em outras culturas e também no início do cristianismo; após o século IV, porém a Igreja substituiu os anjos por santos que ela canonizou, mantendo apenas Gabriel, Miguel e Rafael. Mas, os anjos guardiães não dependem de nenhuma religião e realizam seu trabalho junto à toda a humanidade. Por isso, conhecer as características de nosso anjo da guarda, pela data de nascimento, pode ajudar-nos a lembrar o que escolhemos antes de nascer, para experienciar e aprender em nossa existência física.

No antigo apócrifo 'O Evangelho dos Doze Santos', encontrado na Índia, Jesus diz: “A luz brilha do Oriente ao Ocidente; das trevas o Sol se eleva, e de novo torna a descer nas trevas; assim [também] sucede ao homem, em toda a eternidade”... “Quando vem das trevas, antes já viveu, e quando novamente mergulha nas trevas, isso acontece para descanse um pouco para em seguida novamente existir”. [CLIC e veja: - 'O Renascimento da Alma e Reencarnação'. [®].

'ANJOS CABALÍSTICOS'

"Com seu Dedo, Deus escreveu Seus sinais na Natureza". E é na Escola da Vida que se aprende a ler e decodificar os sinais que aparecem “fora” no mundo natural como “dentro” do universo quântico, nosso mundo pessoal.


Segundo pesquisas modernas, existe hoje um número crescente de pessoas que acreditam em anjos. Não visamos, porém fazer você acreditar ou não e sim de prestar atenção consciente nos sinais da presença angelical na sua vida. Nossas vivências pessoais e pesquisas ao longo da vida mostram que, na verdade, os anjos nos acompanham desde o início do processo de adentrar à forma física.

E vamos procurar mostrar demonstrar aatravés de fatos diversificados de que, independente da crença religiosa dos pais ou nossa, os anjos guardães são atraídos para junto de cada um de nós antes de nascer, no momento em que "Cada um Escolhe a sua Cruz” na dimensão além da vida. A ‘cruz’ é um símbolo universal conhecido nas mais antigas culturas, como a dos egípcios e dos mayas. E você pode descobrir que as circunstâncias que deparamos ao longo da existência não acontecem ao acaso.

Jesus dizia a todos: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me". (Lucas, 9.23). A "cruz de cada um" codifica a escolha do roteiro de vida e das lições a serem apreendidas, que nosso ser interior programa a cada existência. E no início do processo de nascimento atraímos anjos guardiães da categoria com características sintonizadas com o roteiro e experiências escolhidas antes de nascer; conscientizar-se delas, portanto, torna-se uma valiosa ferramenta para o autoconhecimento, entender a causa dos sofrimentos e de eventos inexplicáveis em nossas vidas.

E citamos aqui um outro relato que pode ajudar a esclarecer e a compreender. Clic: "VIVENDO E APRENDENDO".

Um outro fato ocorrido conosco relacionado a anjos guardiães, talvez exemplifique melhor. Em 2001, voltamos ao lugarejo onde meu pai conhecera minha mãe. Certas circunstâncias se repetem numa mesma família: minha mãe aos 30 anos se separara do primeiro marido quando meu pai a conheceu. E ali conheci uma prima pelo lado materno que, na faixa dos 30 anos, separou-se do marido e educara sozinha as filhas, agora adolescentes; tornara-se diretora da escola local e como a mãe enviuvou veio a tornar-se o esteio de toda a família. Na ocasião da visita, carregava comigo uma obra que me chegara às mãos antes daquela viagem: 'Anjos Cabalísticos', de Monica Buonfiglio.

E tivemos a curiosidade de saber, através do dia e mês de seu nascimento, a categoria e características de seu anjo guardião, que poderiam revelar circunstâncias e tendências ligadas ao roteiro ou cruz que ela escolhera antes de nascer, ao nível da alma. Para surpresa nossa tudo o que lhe acontecera era descrito nas características e qualidades apresentadas pelo seu anjo guardião, ou seja, ela escolhera, noutro nível mais elevado da consciência, passar por todas essas coisas difíceis para o amadurecimento, desabrochar e ampliação da consciência espiritual...

Os acontecimentos do destino, ou seja, aqueles que acontecem fora do controle da vontade consciente do ego, são constelados pelo nosso próprio ser interior imortal (SELF). Embora envoltos numa teia de sofrimentos e crises, as experiências de vida traz como conseqüência natural uma maior proximidade com a divindade interior, “Deus em nós”; amplia a compreensão e o espírito de solidariedade e amor não só para com o semelhante, como também para com os animais; traz tranqüilidade ao coração e paz diante de nossa própria consciência. [®]. (Campos de Raphael).
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terça-feira, 28 de julho de 2009

sábado, 25 de julho de 2009

Decifre o Enigma dos Anjos - Campos de Raphael.

DECIFRE O ENIGMA DOS ANJOS

“Oh! Eu acredito que há anjos entre nós / Enviados de algum lugar do Alto. / Eles vêm a nós nas piores horas, / Para mostrar como viver, nos ensinar a dar, / E na Luz do Amor nos guiar’. (Becky Robbs. ‘A Voz de um Anjo’). [Cf. ‘Anjos: Os Misteriosos Mensageiros’, p. 91. Rex Hauck. Nova Era. 1996].

Albert Einstein, afirmou: “A experiência mais bonita que se pode ter é a do misterioso… Aquele para quem esta emoção é uma estranha, quem já não pode pausar para admirar e maravilhar-se, é como se estivesse morto”… Einstein, antes de expor o conceito da relatividade pela primeira vez, diante de uma cética platéia de cientistas racionalistas, contou uma parábola chinesa: “Era uma vez um cego de nascença. Nunca tinha visto o sol e perguntava como era este às pessoas que enxergavam. Alguém lhe disse: - ‘A forma do sol é como uma bandeja de latão’. O cego bateu na bandeja de latão e ouviu um som. Depois, quando ouviu o som de um sino, pensou que era o sol. Outra vez, disse-lhe alguém: - ‘A luz do sol é como a de uma vela’. E o cego apalpou a vela, e pensou que era a forma do sol. Depois apalpou uma (grande) chave e pensou que era o sol. O sol é muito diferente de um sino ou de uma chave, mas o cego não vê a diferença porque nunca viu o sol”... [Cf. ‘A Sabedoria da China’. Lin Yutang. Irmãos Pongetti. 1955].

Falar de anjos aos que nunca perceberam sua presença sutil e nem prestam atenção aos sinais angélicos no dia-a-dia, lembra a parábola da sabedoria chinesa. Mas, na verdade existem registros da presença angélica, desde a Antigüidade. Em Ur, cidade de mais de 4.000 anos, arqueologistas acharam gravado numa pedra um ser alado descendo do céu com um jarro transbordante de “água da vida”, para vertê-la na taça na mão de um rei. Em Ur, toda família tinha uma divindade pessoal e mantinha em suas casas uma pequena capela em honra de seus “anjos” ou espíritos guardiães, que também podiam tomar a forma humana – conta John Ronner. [Cf. ‘Você Tem um Anjo da Guarda’. Editora Siciliano. 1955].

A experiência da vida ensina a ficar atento às coincidências significativas e intuições repentinas, bem como aos sinais angélicos de ‘agentes espirituais’ (expressão junguiana); e busco compartilhar essas coisas quando elas ‘vêm’ a mim, segundo um compromisso: “Citarei a verdade onde a encontrar”...

Passeio diariamente com dois foxy-paulistinhas, pois o mais velho rejeita fazer suas necessidades dentro do apartamento, e quase sempre passamos por uma livraria ‘sebo’ das imediações, que expõe obras usadas na vitrine e revistas na porta; só entro quando procuro algum livro e raramente revistas usadas. Dias atrás ao passar por ali tive a intuição de olhar as revistas expostas na porta; em cima da pilha uma capa exibia dois anjos num portal e o título: “O Enigma dos Anjos”. Coincidentemente, eu fizera antes o relato pessoal: ‘ANJOS E ANIMAIS, SINAIS E COINCIDÊNCIAS’; e jamais esperaria ver o tema angélico abordado tão imparcial e objetivamente em ‘Globo Ciência’. O fato impeliu-me abrir este ‘portaldeanjos’ e divulgar o citado artigo, testemunhos e histórias reais que ajudam a desvendar o instigante mistério dos anjos...

"O ENIGMA DOS ANJOS" - 'Os Anjos Estão de Volta' - [Excertos de ‘Globo Ciência’. Fevereiro/1996]

Esquecidos por longo tempo, eles vêm para excitar a imaginação humana e fazer os cientistas repensarem a experiência religiosa. Eles estão nas páginas dos livros mais vendidos, nos palcos de teatro e nas telas de cinema, nas capas de revistas e nas letras das canções, nas mensagens publicitárias e nas convicções mais íntimas de milhões de pessoas. Depois de décadas de esquecimento, os anjos voltam ao imaginário da humanidade.

No Brasil, pesquisa realizada em 1992 pela agência Saldiva & Associados mostrou que 91% das pessoas acreditam no anjo da guarda. Nos Estados Unidos, a porcentagem é de 69%, conforme enquête da revista Time. Segundo dados da Câmara Brasileira do Livro, 45 obras sobre o assunto foram editadas no país, apenas em 1995. No cinema, junto com uma enxurrada de filmes medíocres, o tema já motivou ao menos duas obras de primeira grandeza: ‘Asas do Desejo’ e ‘Tão Longe, Tão Perto’, ambas do cineasta alemão Wim Wenders.

Estes exemplos são apenas uma pequena amostra do atual interesse pelos anjos. Ele não se expressa através de fenômenos isolados, mas compõe uma tendência de alcance planetário. Como se explica isso? Resposta escapista aos desafios de um mundo em crise? Renascimento do pensamento mágico alimentado pelo colapso das ideologias políticas? Ou o autêntico despertar da humanidade para a dimensão espiritual da existência? Qualquer que seja a razão, um tema instigante como esse não poderia deixar de estar presente nas páginas de GLOBO CIÊNCIA.

Claro que não é possível tentar provar cientificamente a existência ou inexistência dos anjos. Mas pode-se perfeitamente estudá-los com seriedade à luz de disciplinas como a ciência da religião. “A ciência da religião não visa confirmar ou desmentir a experiência religiosa. Procura, isto sim, enfocá-la a partir de vários ângulos, buscando compreendê-la de maneira ampla e multilateral”, afirma Enio Brito, professor de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Em sua dimensão simbólica, esse tipo de experiência (e aqui se encaixam os anjos) tem incidência direta na vida das pessoas e da sociedade. A compreensão do fenômeno religioso é, portanto, determinante para a própria compreensão do ser e do agir humanos”.

ELES ESTÃO EM TODAS AS RELIGIÕES
Dentro dessa perspectiva, pode-se dizer que a revitalização da figura angélica no imaginário humano é também o resgate de algumas das mais importantes experiências religiosas da humanidade. Referências aos anjos podem ser encontradas nos mais variados contextos culturais, e não apenas nas histórias infantis sobre o anjo da guarda, sempre alerta para livrar as criancinhas de todo mal. Essas referências são particularmente explícitas em religiões como o hinduísmo, o budismo, o zoroastrismo persa, as mitologias da Mesopotâmia, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, O tema interessou ainda aos filósofos. Para os neoplatônicos, corrente de pensadores que floresceu entre os séculos 2 d.C. e 4 d.C., os anjos, os homens, os animais, os vegetais e os minerais seriam, todos eles, apenas diferentes formas de manifestação da Divindade única.

“Nas tradições antigas, os anjos são concebidos principalmente como mensageiros entre o mundo celestial e o mundo terrestre”, explica o monge budista Ricardo Gonçalves, ex-professor de História das Religiões da Universidade de São Paulo. Mensageiro, aliás, é o que quer dizer a palavra grega ággelos, da qual o termo anjo se origina. O mesmo significado se expressa na denominação hebraica mal’akh e na árabe malak.

Mas qual é o teor das mensagens angélicas? Segundo escrituras sagradas produzidas em diferentes contextos culturais, essas mensagens não são recados quaisquer, mas revelações ou ordens divinas de importância decisiva na vida humana. Algumas delas constituem mesmo os momentos fundadores de várias tradições religiosas amplamente difundidas em todo o mundo, como o cristianismo e o islamismo, e de outras menos conhecidas, como o zoroastrismo, antiga religião dos persas, e o ismaelismo, que ainda conta com milhões de seguidores em vários países orientais.

No cristianismo, afirma-se que foi um mensageiro celestial que anunciou aos homens o nascimento de Cristo. Saudando a virgem Maria, o arcanjo Gabriel lhe disse: “Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo... e o seu reinado não terá fim”. Outra mensagem de Gabriel teria dado origem, seis séculos mais tarde, à religião islâmica. Neste caso, o anjo não anunciava o nascimento de um homem, mas de um livro. Segundo os muçulmanos, isso aconteceu no ano 611 d.C., quando Mohammed (Maomé) meditava numa caverna próxima à cidade de Meca, na Arábia. Naquele local solitário, apareceu-lhe o arcanjo, que ordenou: “Recita em nome de Allah (Deus)”. Era um chamado à missão profética e dessa recitação, ditada por Deus através de seu anjo, teria resultado o Corão [ou Alcorão], a bíblia dos muçulmanos.

DEUS CRIA O MUNDO AO RESPIRAR
Escolas místicas destas e de outras tradições ampliaram, porém, o significado da palavra “mensageiro”, chegando à idéia de que os anjos são veículos ou canais de toda ação divina. De acordo com tal concepção, cada ato de Deus passaria por uma extensa cadeia de transmissão angélica antes de alcançar nossa realidade imediata. Longe de ser demorado, o processo seria instantâneo, uma vez que o espaço e o tempo, as duas categorias básicas com as quais lida o pensamento científico, dizem respeito apenas ao mundo material.

Essa instantaneidade é particularmente realçada no hinduísmo que os mestres espirituais indianos preferem chamar de Sanatan Dharma, a Religião Eterna. Nessa tradição se afirma poeticamente que o cosmo inteiro é criado e aniquilado a cada respiração divina. Quando expira, Brahaman (Deus, como Absoluto) projeta o cosmo para fora de si. Quando inspira, ele o reabsorve em seu interior. Não seria possível sequer pronunciar o número das multidões angélicas envolvidas nessa operação instantânea e infinitamente recorrente. Ao serem gerados, os anjos se tomariam os canais que permitem à expiração divina prosseguir em sua expansão criadora. E, através deles, a criação retornaria ao Criador.

De acordo com o judaísmo, a partir do qual o cristianismo e o islamismo se desenvolveram, os anjos surgiram no segundo dia da Criação. O mundo angélico não se restringiria, porém, a esses entes antiqüíssimos, criados diretamente por Deus. Para esta tradição, existem também anjos recentes, criados pelo homem a cada ato bom que ele pratica. Estes acompanham e protegem permanentemente seus criadores humanos. “Tanto uns como outros são dotados de alma e corpo”, afirma o rabino Sammy Begun, diretor da Escola Lubavitch, de São Paulo. “Mas, diferentemente do corpo humano, formado a partir dos quatro princípios básicos, terra, água, ar e fogo, o corpo angélico deriva apenas do ar e do fogo”.

Essa dupla natureza, espiritual e corporal, também foi admitida pelos primeiros teólogos cristãos, os chamados Padres da Igreja. Santo Agostinho (354-430), o filósofo que marca a passagem da Antigüidade para a Idade Média, acreditava que fossem dotados de um corpo sutil. Porém, segundo a maior autoridade em angelologia da tradição cristã, o místico anônimo do século 5, que ficou conhecido na literatura filosófica como Pseudo-Dionísio Areopagita, anjos são entes puramente espirituais, desprovidos de qualquer corporeidade. Trata-se de inteligências puras e sem forma, “realidades simples, que em si mesmas não podemos conhecer nem contemplar”.

Ao lado do debate sobre a substância de que são constituídos os anjos, os Padres da Igreja se empenharam também numa longa e exaustiva discussão acerca de sua forma. As imagens empregadas pelas Escrituras para descrevê-las mostram desde homens alados, passando por figuras de múltiplas faces e feições animais, até seres em forma de rodas resplandecentes. Todas elas, porém, têm para Pseudo-Dionísio um sentido puramente simbólico. Lançar mão dessas imagens concretas e surpreendentes teria sido, segundo ele, a maneira encontrada pelos redatores das Escrituras para descrever o indescritível. E também um modo deliberado de ocultar às pessoas comuns informações que elas ainda não estariam prontas para receber.

A interpretação de Pseudo-Dionísio acabou dominando a angelologia cristã, mas deixa uma importante pergunta sem resposta: por que místicos de épocas posteriores, como Santa Hildegard de Bingen, São Francisco de Assis, Santa Teresa de Ávila, Emanuel Swedenborg e Rudolf Steiner, utilizam imagens tão semelhantes às das Escrituras para descrever seus supostos contatos com entes angélicos?

Uma resposta consistente será dada apenas cerca de 7 séculos depois de Pseudo-Dionísio, na obra de Ibn Árabi (1165-1240), o autor mais profundo do Islã, chamado pelos místicos de “o maior de todos os mestres”. Segundo Ibn Árabi, a verdade está no meio-termo: existe um nível de realidade mais sutil que o mundo físico, porém mais denso que o mundo espiritual. Assim como os homens, os anjos possuiriam uma essência espiritual. Porém, do mesmo modo que o corpo humano pertence ao mundo físico, as imagens angélicas percebidas nas experiências visionárias fariam parte desse estado intermediário entre a matéria e o espírito.

AQUELES QUE NÃO DORMEM NUNCA
Outro tema em que se empenharam os pensadores de diversas tradições é o da classificação dos anjos. Maimônides (1135-1204), o maior representante da filosofia medieval judaica, dividiu-os em dez grupos sucessivos: Chayot, Ofanim, Arelim, Chashmalin, Serafim, Malachim, Elokim, Bene Elokim, Kerubim e Ishim. Alguns desses nomes, ou seus equivalentes gregos, também aparecem no cristianismo, em especial no livro ‘A Hierarquia Celeste’, de Pseudo-Dionísio. Lá, ele apresenta a classificação em geral ainda aceita hoje, que fala em nove categorias angélicas, agrupadas em três conjuntos de três: serafins, querubins (ao lado) e tronos; dominações, virtudes e potestades; principados, arcanjos e anjos [Veja quadro, noutro texto: ‘A Hierarquia Celeste’].

Segundo Pseudo-Dionísio, as categorias inferiores aprendem das superiores tudo que diz respeito às operações divinas, enquanto que estas são iniciados nesse conhecimento pelas “luzes da própria Divindade”. A tríade mais alta é constituída pelos serafins, querubins e tronos. Nas palavras do filósofo, essa ordem situa-se “no vestíbulo mesmo da Divindade, circunda Deus de maneira permanente e está unida a ele sem nenhuma mediação”. Recebendo de primeira mão a efusão divina, ela a transmite à tríade seguinte, formada pelas dominações, virtudes e potestades. E através dessa ordem média que o poder de Deus se exerce com firmeza e seus dons se derramam sobre toda a criação. Por meio dela, o influxo divino atinge a última tríade, antes de ser finalmente comunicado ao mundo material. Mais próximas da natureza e dos homens, as classes dessa derradeira ordem são os principados, arcanjos e anjos (no sentido estrito da palavra).

A crença no anjo da guarda, isto é, de que todo homem é assistido por um anjo particular, que sempre o acompanha, apareceu pela primeira vez no judaísmo da época de Jesus, mas foi extremamente difundida também no cristianismo e no islamismo. Diz o Corão [ou Alcorão], livro máximo dos muçulmanos, que “para cada alma existe um guardião”. Por sua função, os anjos da guarda foram descritos como “aqueles que não dormem nunca”. São Tomás de Aquino (1225-1274), o principal nome da filosofia escolástica (medieval) cristã, afirmou que o homem não pode interferir nos planos de seu anjo da guarda.

Apesar da advertência, a fé popular banalizou a figura desses seres alados, transformando-os numa espécie de serviçais sempre à disposição das menores necessidades e caprichos humanos. Nem por isso, porém, a idéia do anjo da guarda é incompatível com uma abordagem mais sofisticada das tradições espirituais. Participando da última classe angélica, esses companheiros invisíveis seriam responsáveis pela transmissão do influxo divino a cada indivíduo da espécie humana- Uma deliciosa anedota afirma que, quando o bebê vem ao mundo, o anjo da guarda coloca o dedo sobre sua boca e lhe diz: “Esqueça tudo o que você sabe”, referindo-se a toda a sua experiência espiritual anterior. Daí viria a marca divisória que todos nós temos acima do lábio superior.

Mais do que a substância, a forma e a hierarquia, porém, são os nomes individuais dos anjos e suas respectivas funções que provocam enorme curiosidade hoje em dia. “Essa onda atual, mágica e desvinculada das revelações autênticas, busca descobrir o nome do anjo quase como uma forma de escravizá-lo”, denuncia o teólogo cristão Edmundo Pellizari, professor de Angelologia na Associação Palas Athena, um centro de cultura esotérica de São Paulo. Sabendo o nome do anjo, o homem pensa poder obter os seus serviços. “Mas todos esses rituais mágicos em nada influenciam o mundo angélico. A ação dos anjos se dá em sentido descendente e não ascendente: de Deus para o homem e não do homem para Deus”, sublinha o teólogo.

As tradições espirituais autênticas são, na verdade, extremamente parcimoniosas em relação aos traços individuais dos anjos. São bem poucos os casos em que registram seus nomes, lhes atribuem frases ou os mostram agindo no curso dos acontecimentos terrestres. E, quando isso ocorre, não se trata de anjos comuns. Embora chamados genericamente de arcanjos, eles desfrutam de um status tão alto quanto o dos serafins, situando-se no topo da hierarquia celeste.

No Antigo Testamento, o Livro de Tobias, fala dos “sete anjos que estão sempre presentes e têm acesso junto à glória do Senhor”. As religiões oficiais, porém, sempre viram no culto a esses príncipes angélicos uma perigosa porta para o politeísmo. “No catolicismo, a afirmação do primado de Cristo nunca permitiu que se desse muita ênfase aos anjos”, explica o monge católico Francisco Benjamim de Souza Neto, professor de Filosofia Medieval da Universidade de Campinas.

Dos sete arcanjos, os textos canônicos nomeiam apenas três: Miguel, Gabriel e Rafael (veja quadro). Sua magnificência pode ser imaginada a partir da descrição que Mohammed oferece de Gabriel: “De repente”, diz o profeta, “Gabriel, o Arcanjo, desceu a mim em sua própria forma, de tal beleza, tal glória sagrada, tal majestade, que todo o meu quarto ficou iluminado. Ele é de uma alvura mais brilhante do que a da neve; sua face é gloriosamente bela; as ondas de seus cabelos caem em longas tranças; sua testa é circundada por um diadema de luz, no qual está escrito ‘Não há outro deus além de Deus’. Ele tem 600 asas cravejadas com 70 mil gemas de crisólito vermelho”.

Contatos diretos com outros anjos são mencionados, no entanto, por místicos de diferentes épocas e tradições. Santa Teresa de Ávila (1515-1592), a grande religiosa espanhola, descreve com palavras apaixonadas o anjo que contemplou em êxtase: “Não era alto, mas de baixa estatura. E muito belo. Seu rosto, tão inflamado que parecia pertencer à categoria mais elevada dos anjos, aqueles que parecem estar ardendo. Em suas mãos, vi uma longa lança de ouro, em cuja extremidade parecia haver urna ponta de fogo. Com ela pareceu atravessar-me várias vezes o coração”.

Contudo, por mais maravilhosas que sejam as descrições dos anjos, as tradições são unânimes em reconhecer a superioridade dos homens [sic]. A explicação dessa afirmação surpreendente pode ser encontrada, por exemplo, em Ibn Árabi. Diz o mestre sufi que, devido à sua natureza imaterial, os anjos são mais estáveis que os homens, mantendo, com facilidade, a atenção focalizada em Deus. Já os homens, assediados pelas demandas do mundo material, se esquecem freqüentemente de sua origem divina e só a custa de muito esforço conseguem focalizar a atenção no Criador. Mas é justamente essa necessidade de escolha entre a matéria e o espírito, esse esforço reiterado para religar-se ao Todo que daria ao homem a possibilidade de uma evolução permanente e ilimitada.

A partir de reflexões como esta se compreende a fala que os anjos Cassiel e Rafaela dirigem aos homens no filme ‘Tão Longe, Tão Perto’, de Wim Wenders: “Somos os mensageiros que aproximam os que estão distantes. Não somos a Mensagem. Somos os mensageiros. A Mensagem é o Amor. Nada somos. Vocês são tudo para nós”. • (Artigo de José Tadeu Arantes). [Cf. ‘Globo Ciência’, p. 23/29. Fevereiro. 1996].

Clic e veja também: ‘ANJOS E ANIMAIS, SINAIS E COINCIDÊNCIAS’ - (Campos de Raphael) [®].

sexta-feira, 17 de julho de 2009

NADA ACONTECE POR ACASO NA VIDA. Relato.

“Deus perto está, / Difícil de captar, / Mas onde há perigo, cresce / O que salva também”. (‘Patmos’. Fragmentos significativos). [Cf. ‘Símbolos da Transformação’, § 630. C.G. Jung. Vozes].

O que é sincronicidade? Casualmente assisti um exemplo de ‘sincronicidade’ no quadro ‘Estrelas’, em 23.05.2009, quando o ator Jackson Antunes relatou na TV que, ao atravessar um momento difícil na vida, tomou um ônibus e achou caído ao lado da poltrona um livro do prof. Hermógenes.

Abriu uma página aleatória e leu um trecho que o tocou profundamente, infundindo-lhe novas forças e pôde, segundo as palavras de Jackson, “dar a volta por cima”... Talvez nem percebeu as coincidências significativas por trás disso, pois sua notoriedade artística veio graças ao bom desempenho na novela ‘Renascer’...

Quando crises vindas de fora ou de dentro atingem uma profundidade onde ‘o perigo é grande’... “Aí ‘Deus está próximo’ e o homem encontra o vaso materno do renascimento, o lugar de germinação, onde a vida pode renovar-se. Pois a vida continua apesar da perda da juventude, e pode mesmo ser vivida com a maior intensidade se a retrospecção para o que findou não tolher o passo”... [Cf. ‘Símbolos da Transformação’, § 630. C.G. Jung].

Desde o início do nosso processo do nascimento na forma física, somos acompanhados por um misterioso fator que Jung denominou ‘sincronicidade’ e ‘agentes espirituais’. Mas aprendi por experiência, ao longo da travessia dos perigos no labirinto da vida, a pressentir esse fator atuando por trás dos acontecimentos. Mas só o compreendi, graças a Jung em ‘O Segredo da Flor de Ouro’, ao “abrir os olhos para o fato de que nosso mundo de tempo, espaço e causalidade está relacionado com uma outra ordem de coisas, atrás ou sob ele, ordem na qual “aqui” e “ali”, “antes” e “depois” não são essenciais”. (Cf. ‘Memórias’, p.264. C.G. Jung).

Agora percebo a sincronicidade como Amorosa Mão e os agentes espirituais, quais anjos da guarda sempre presentes nos momentos significativos. Significativo, porque “cumpre o destino”. E a sincronicidade traz a luz da graça da compreensão, “o fio de Ariadne”, que permite vencer o Minotauro no escuro subterrâneo do ego, sair do “fundo do poço” e mudar o destino...

“A sincronicidade não é mais enigmática, nem mais misteriosa do que as descontinuidades na física” – escreve Jung. “Nossa convicção enraizada do poder da causalidade [lei de causa e efeito] cria, e só ela, as dificuldades que se opõem ao entendimento. As coincidências de acontecimentos ligados pelo sentido... quanto mais se multiplicam e mais a concordância é exata, sua probabilidade diminui e aumenta a inverossimilhança, o que significa que não podem passar por simples acaso, mas, devido à ausência de explicação causal, ser olhadas como ordenações que têm sentido. Sua ‘inexplicabilidade’ não é devida a ignorância de sua causa, e sim ao fato de que o intelecto é incapaz de pensá-la”. [Cf. ‘Salto para o Sagrado’ - ‘Viver Mente & Cérebro', nº. 2, p.53. 2009. e ‘Memórias’, p. 359. C.G. Jung. 1986].

Em ‘Milagres Inesperados’, p. 19. David Richo acrescenta: “A sincronicidade é o encontro perturbador entre o mundo exterior e o nosso eu interior. Ela nos traz conforto com o mistério de a nossa natureza humana e a mãe natureza contarem a mesma história...

Cada experiência sincronística é um convite desafiador para que renunciemos ao ego por um período suficiente a fim de projetar uma destinação de acordo com os propósitos do amor. Vivemos encontrando justamente aquilo de que precisamos para evoluir como seres psicológicos e espirituais. Receber leva a dar e, desse modo, todos se beneficiam do trabalho de cada um. Esse intercâmbio é o jubiloso cumprimento do destino pessoal num mundo que anseia por luz”...

Vivendo e trabalhando desde os treze anos de idade na Cidade Maravilhosa, o fluxo do destino nos levou mais tarde, sete anos depois de casado, para São Paulo, em razão do cargo que exercia na Companhia Siderúrgica Nacional. E passados dois ciclos de sete, foi-nos proposto acordo trabalhista e adquirimos um apartamento no litoral de Santos, em Itanhaém, de clima mais ameno do que o Rio de Janeiro…

E já no ano seguinte, a mãe de minha mulher residente em Friburgo, que sofria de câncer terminal, veio passar conosco os últimos dias; anos antes, por estranha coincidência o seu marido faleceu de câncer também em nosso apartamento, quando morávamos no Rio de Janeiro. As circunstâncias imprevistas em nossa vida, quando não explicáveis pela escolha consciente, são oportunidades de crescimento; elas trazem lições a serem apreendidas ou problemas não resolvidos na vida passada... “Quando as ocupações se nos propõem, devemos aceitá-las; quando as coisas acontecem em nossa vida, devemos compreendê-las até o fundo”. (Mestre Lü Dsu). [Cf. ‘O Segredo da Flor de Ouro’, p.34. C.G. Jung. Vozes].

Providenciamos uma cama hospitalar para minha sogra e a filha prestou-lhe assistência enquanto foi possível; ao pressentir que sua hora estava próxima, nós a internamos na Clínica Tobias em São Paulo. Antes de partir de Itanhaém, porém ela nos chamou assim que despertou para contar um sonho significativo que trouxe resposta a sua pergunta: “Por que tenho que sofrer tanto?”. Trata-se de uma experiência noutro nível da consciência, e o relato dela você pode ver aqui. [Clic: Histórias da Vida: “Cada um Escolhe a Sua Cruz” ].

Há uma sentença espiritual que jamais esqueci: “Antes que me chames, já terei atendido”. Naquela Clinica Tobias, onde internamos “nossa” outra mãe, havia uma livraria espiritualista, e o título de um livrinho me atraiu: “El Secreto de la Flor de Oro” de C.G. Jung /Richard Wilhelm. Jamais imaginaria então que a preciosidade ali contida marcaria e sinalizaria mais tarde outra etapa significativa no caminho da vida, em cujo fluxo me aprofundaria na psicologia moderna. Na época, tive dificuldade de entender os conceitos junguianos, além de desconhecer sua terminologia. E acabei deixando esquecido o livrinho na estante...

Sete anos mais tarde reencontrei o livrinho da Flor de Oro na estante. Ciclos de sete anos sempre marcaram minha vida, e outra série de acontecimentos desencadeou forte tempestade em nossas vidas, culminando com o meu afastamento físico do discipulado na Escola Espiritual de J. van Rijckenborgh (sede na Holanda), onde aprendêramos os fundamentos cristão-esotéricos universais.

Antes de ler a Flor de Oro, porém pressentira um fator inexplicável atuando em nossas vidas, para além da nossa vontade consciente do ego e dos laços cármicos do passado. E e ansiava por obter respostas que me atendesse ao coração e a razão para compreender esses eventos, como também encontrar uma nova via para dar continuidade ao caminho espiritual…

“O espaço da alma é imensamente grande e pleno de realidade viva. Sobre suas fronteiras paira o mistério da matéria e do espírito; ou, ainda, o dos sentidos. Eis o que constitui, para mim, os limites dentro dos quais posso formular minha experiência”... [C.G. Jung. 'Memórias', p. 322/23. 1986].

Abri uma página aleatória do livrinho, 'O Segredo da Flor de Ouro’;  a página fôra marcada por fita vermelha, com os dizeres: “Não Temas”. Essa palavra fez descer um bálsamo na minha Alma e apaziguou meu coração. O texto de Jung me trazia a resposta sincronística: ‘A PSICOLOGIA MODERNA ABRE UMA POSSIBILIDADE DE COMPREENSÃO'. Ele dizia:

“No meu trabalho sempre mantive a convicção, talvez por causa do meu temperamento, de que no fundo não há problemas insolúveis. Até agora, a experiência confirmou esta expectativa. Vi muitas vezes pacientes superarem problemas aos quais outros sucumbiram… 

Tal ‘superação’ ou ‘ampliação’, como denominara anteriormente o fenômeno, revelou-se depois de experiências posteriores como uma elevação do nível da consciência. Algum interesse mais alto e mais amplo apareceu no horizonte, fazendo com que o problema insolúvel perdesse a urgência. Sem que encontrasse a solução lógica, empalideceu em confronto com um novo e forte rumo de vida“… >

“Não foi reprimido, nem submergiu no inconsciente, mas simplesmente apareceu sob outra luz, tornando-se outro. Aquilo que num primeiro degrau levara aos conflitos mais selvagens e a tempestade pânicas de afetos parecia agora, considerado de um nível mais alto da personalidade, uma tempestade no vale, vista do cume de elevada montanha. Com isto, a tempestade não é privada de sua realidade, mas, em lugar de se estar nela, se está acima dela. Mas como de um ponto de vista anímico [ou da alma] somos ao mesmo tempo vale e montanha, parece uma presunção nada convincente sentir-se o indivíduo além do humano”. >

“Certamente sentimos o afeto (a emoção), que nos sacode e atormenta. Mas ao mesmo tempo é-nos dada uma consciência mais alta, que impede nossa identificação com o afeto; somos capazes de considerá-lo com um objeto, e assim podemos dizer: ‘Eu sei que estou sofrendo’. A afirmação de nosso texto: A preguiça da qual não somos conscientes e a preguiça da qual somos conscientes estão a milhares de milhas uma da outra”… >

“Ao observar a via de desenvolvimento daqueles que silenciosa e inconscientemente se superaram a si mesmos, constatei que seus destinos tinham algo em comum: o novo vinha a eles do campo obscuro das possibilidades de fora ou de dentro, e eles o acolhiam e com isso cresciam. 

Parecia-me típico que uns o recebesse de fora e outros, de dentro, ou melhor, que em alguns o novo crescesse a partir de fora e em outros, a partir de dentro. Mas de qualquer forma, nunca o novo era algo somente exterior ou somente interior. Ao vir de fora, tornava-se a vivência mais íntima. Indo de dentro, tornava-se acontecimento externo. Jamais era provocado intencional ou conscientemente desejado, mas como que fluía na torrente do tempo”... [Cf. ‘O Segredo da Flor de Ouro’, p. 31/32. C.G. Jung / R. Wilhelm. Vozes].

É o livro que citei no início deste relato. Lembra-se? Desde então as portas se abriram para adentrar aos mistérios da ‘Sincronicidade’. Se você teve paciência de ler até aqui, pode agora compreender o fundamento empírico de nossa afirmação: “Nada acontece por acaso na vida”…

E para finalizar adapto palavras de ‘Milagres Inesperados’: “A sincronicidade acontece quando alguma coisa doada pelo destino está acontecendo. Pode não ser mera coincidência o fato de você estar lendo este livro [ou texto]. Pode ser uma estrita coincidência, que mostrará com acerto que sentido a sua vida teve e tem. A leitura deste ‘livro’ pode ser uma coincidência significativa, coincidência que revela alguma nova topografia do seu caminho pessoal”...

Possa os trechos ora transcritos ser um instrumento dessa Amorosa Mão, que nos guia e ilumina ao atravessar os sombrios labirintos da vida! (Carlos Campos de ®aphael]

Luz, Amor e Paz!